quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sociedade e poder em Portugal

Embora França tenha sido o modelo da sociedade de Antigo Regime, as estruturas sociais e políticas estenderam-se a, praticamente, toda a Europa e, como tal, Portugal não foi excepção.

Em 1640, após a recuperação da batalha de Alcácer Quibir, Portugal tinha, de novo, uma corte e um rei.
Uma vez que foram os nobres a restaurar a monarquia portuguesa, a nobreza obteve um reforço do seu papel político, levando os monarcas a usar os cargos ligados à administração ultramarina como forma de agradecimento aumentando, deste modo, os seus rendimentos e prestígio embora isso trouxesse graves problemas à economia e poder do reino.

Assim sendo, até meados do século XVIII, a nobreza manteve o seu destaque ao acesso dos cargos superiores da monarquia, ou seja, detinha os comandos das províncias militares, a presidência dos tribunais de corte, vice-reinado da Índia e do Brasil, missões diplomáticas importantes, entre outros, permitindo então o usufruto dos bens da Coroa e ordens militares e o aumento, através das rendas e das pensões, do património das grandes casas.

No entanto, a nobreza fundiária não tira os seus rendimentos apenas da terra, das doações do rei nem dos cargos públicos. Tira também do comércio, principalmente do comércio ultramarino que, acumulando com os cargos administrativos, enriqueciam os nobres.

Forma-se então uma nobreza mercantilizada, fruto do modelo organizativo do nosso país, que gastava os seus rendimentos numa ostentação da sua condição superior e que não ajudava em nada para o desenvolvimento de uma burguesia enriquecida (como mostra o documento 18-B da página 48, ao dizer que "Assim, os portugueses não tiram grande vantagem das vastas colónias que possuem nas Índias e da que têm na China" ).